domingo, 5 de janeiro de 2014

Canção do Exílio

Canção do Exílio, 
de Gonçalves Dias*

Kennst du das Land, wo die Citronen blühen,
Im dunkeln Laub die Gold-Orangen glühen?
Kennst du es wohl? — Dahin, dahin!
Möchtl ich... ziehen.**
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar - sozinho, à noite -
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem que ainda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

*Gonçalves Dias (1823-1864), poeta brasileiro do Romantismo (da Primeira Geração ou Geração Indianista).

**Essa epígrafe é uma citação, com cortes, da primeira estrofe do poema "Mignon", do escritor e pensador alemão Goethe. Tradução:

"Conheces o país onde os limoeiros sempre estão em flor?
Nas verdes folhas, áureas laranjas brilham em ardor,
Conheces bem esse lugar? – Lá, lá!
Queria eu... estar!"

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